20220413

4543 Feras

Eu vou a esmo
Como um satélite que perde
A órbita do seu planeta.

A ofuscação
de encontrar uma presa
Nubla os pensamentos
Espalhados na minha cabeça.

Às vezes eu sinto que sou
Uma nuvem desenraizada
Da sua passarela.

Ou uma árvore encalhada
No perpétuo outono
Já sem frutos e sem folhas,
Um baú sem pérolas brancas.

Carrego um lince em meus olhos
Esperando com paciência
Clandestina.

Eu sou jaguaretê
Que vadeia o pantanal
Das minhas emergências vespertinas.

Um tigre de bengala
Preso nas areias 
Movediças e marismas.

Eu carrego o cheiro de mil panteras
Quando acordo cada manhã
Para a velha rotina.

Eu murmuro como um puma solitário
A fome azul
Que me domina.

Oh! eu sou um leão treinado
Cujo reino uma jaula
Determina.

Leopardo furtivo
Ronronando que essa urgência
O aniquila.

Eu grito com o rugido
De mil inflamadas 
Feras libertinas.

No hay comentarios.: