20220724

4898 Agora sou um sedento deserto

 Agora sou um sedento deserto
E você carrega em todo o seu corpo 
Todas as gotas de chuva e orvalho.

Eu preciso ver a estrela 
Da manhã esplender
Na minha linha do horizonte.

Para esvoaçar sem peso
Como um beija-flor.

E que da minha garganta 
Saia o gorgolejo 
Em forma de palavras estranhas 
Que me façam explicar 
A consubstanciação 
Da sua ternura 
E como se configura 
O seu beijo no molde 
Da minha harmonia.

Que entre trinados possa dizer 
Como se encarna 
O sentimento em meu peito 
Toda vez que dou você 
Meu humano coração.

Gaguejar sobre a mágica 
Eucaristia em que se torna 
Quando seu corpo e meu corpo 
Se esfregam no prazer.

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