20240630

5796 Gemido crescente

Se desprende 
Da porta dos fundos 
Da minha garganta 
Para tomar conta 
Da minha língua o gemido, 
O suspiro se desata, 
Sobe e desce 
Pelo meu colo o ofego.

Como um anzol mordido, 
Um anzol que, 
Jogado como um pedaço 
Na fome em meu caminho, 
Bifurca meu caminho 
Entre o amor e a paixão.

Perco a vontade 
Diante da majestade 
Da sua presença, 
Sou sujeito da beleza 
Que você me faz viver.

Minha língua toca a carne 
Que envolve sua flor, 
Vivo o efêmero clarão
Que ilumina minha razão. 

Um raio que rasga 
Meu sétimo céu, 
Notas musicais de prazeres 
Suspensas no limiar 
De todas as minhas alvas.

Minha língua é 
Uma flor rejuvenescida, 
Uma pétala que se nutre 
De sua fonte.

Deixo-me levar 
Pelas correntes do acaso 
Que brotam do seu peito 
Em forma de batidos, 
Vejo sua estrela cadente 
Atravessando o firmamento 
Enquanto deixamos 
Ao mesmo tempo
Um rastro de esperanças 
E sonhos redimidos.

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