20011031

2155 Olhando a corrente passar

Tenho minha mão dentro
Na corrente do rio
E somente
Olho a vida passar.

Deitado aqui
Olho a gente
Que gostaria de me resgatar.

Eles dizem-me:
Que na água há peixes
Que podem-me ferir,
Que têm cardume de piranhas,
Hordas de leviatã
Mais eu estou entretido
Somente
Olhando a corrente
Passar.

Não desejo mais
Do que ter minha mão metida
Na corrente
E ir-me devagar
Até o mar.
Chegar me desvanecendo
Entre as ondas
Até converter-me em gaivota
Com meu corpo livre
Da sal
E não deixar indício
Da abismal saudade
Que angustia minha alma
De louco poeta,
O meu coração
De sensível animal.

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