20240216

5191 O desvanecimento da luz

Eu carregava um farol, 
Como da estátua da liberdade, 
E no peito guardava uma chama 
Parecida a fosforescência 
Que nas noites tem o mar.

Meu sorriso irradiava uma morna serenidade.

Até que a sequência 
Dos seus cometas
Minha via parou de traçar 
E o meandro dos seus rios 
Ao meu lado parou de passar.

Eu carregava uma tocha, 
Como o colosso de Rodes, 
E em mim brilhou o clarão 
Comparável ao que no céu
Pinta a aurora polar.

No meu rosto era visível o refúgio da paz.

Até que o eco de seus planetas 
Parou de ressoar em minha atmosfera
E o circuito de suas luas 
Em minha órbita cessou de girar.

Eu segurava uma lanterna luminosa, 
Semelhante à bateria de Bagdá, 
E na minha alma protegia 
A iridescência fractal
Das borboletas e seu esvoaçar.

Meu corpo era governado pela serenidade.

Até que a sinfonia das suas ondas
Deteve de tocar no meu oceano 
E a migração das suas nuvens 
No meu céu parou de dançar.

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