20220707

4812 Água turva e água clara

Você me diz que sou 
O ar fresco que entra 
Pela fresta da sua janela, 
Que em dias de chuva fresca 
Sou seu sopro de azul.

O ozônio índigo que anima 
Suas lânguidas chamas.

Mas acontece que, 
Quando sou eu que navego 
Agarrado aos pedaços de um tabuleiro, 
Neste oceano infértil de magma, 
Você me oferece água turva 
Em vez de água clara.

Para beber para a paz da minha alma 
Quero água das cachoeiras, 
Um prelúdio de águas calmas, 
Água doce para a ferida 
Da minha carne e seu trauma.

Vou sem resistência ao vento 
Sem preâmbulo em minha olhada, 
Fluo como um rio cristalino 
E não quero água turva 
Para a sede da minha garganta, 
O que procuro é sua água pura, 
Sua água limpa, sua água clara.

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