20240314

5600 Rumo ao ponto sem volta

Com a desculpa de saber 
Como vai você, 
Quero que ao sussurro da minha voz
No pavilhão dos seus ouvidos
Baixe as eclusas  
E deixe entrar os fonemas 
Que emergem do meu coração 
Para que se enrosquem 
Como um caracol 
No âmago da sua razão. 

Lá no recanto dos seus sentidos, 
Que o murmúrio dos meus trinados 
Seja um portentoso rio 
Que desce até os seus tímpanos. 

Anseio que meu choro seja o barco 
Que se move calmamente 
Na superfície calma 
Do lago calmo dos seus pensamentos. 

Convencer você de que 
Sejam minhas palavras 
Como chuva suave na campina, 
Como pássaros que descem 
Para rendar ondas na maré. 

Que você entenda de uma vez por todas 
Que, na sua ausência, meu ninho 
Se torna um caos, 
Um labirinto de desordem 
Do qual não consigo sair, 
E entro irremediavelmente 
Rumo ao ponto sem volta 
Até a terra da tristeza.

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