19930331

0898 Crítica sobre Priscilla

Às vezes eu quiser me mentir
E assim poder buscar-lhe um defeito
Ou ganhar o truculento poder
De dizer abra-se sesamo
E que se abrisse sua imperfeição
Para não crer que sua beleza
É superior a tudo conhecimento
Então seria o mais violento
Dos críticos de sua vida
Ou se os anos passarem
E seu rosto se tornar cinzento
E assim a beleza deixar seu corpo
Destruiria com meus comentários
O que dela ficasse
Mas parece impossível que aconteça
Porque sua beleza é infinita
E sua graça jamais vista
Eu receio que seja um monstro mau
Rodeada dum corpo gracioso
Ou um espírito dos abismos
Transformado em feminina perfeita
Eu não sei mesmo o que quero
Se destrói-la com minhas criticas
Ou constrói-la com minhas loas
Porque o pior de tudo isto
É que sinto amor por ela
E quando quero severamente criticá-la
Não faço mais do que louvá-la
Embora em realidade ela é:
A única e verdadeira artífice
Da luz que rodeia minha escuridão.

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